Você se lembra da primeira vez que deixou de abraçar alguém ao cumprimentá-lo?
Recordo-me vividamente como aconteceu comigo, e para minha surpresa, nem faz tanto tempo assim que às coisas começaram a mudar.
À pessoa fez aquele movimento de aproximação em minha direção.
À pessoa fez aquele movimento de aproximação em minha direção.
Me afastei e expliquei me desculpando, mas muito sem jeito. Não sabia muito bem como atuar desse novo modo. Confesso que sofri por dentro. Pensamentos ainda muito confusos passaram pela minha cabeça.
Como tocar o outro sem encostar?
Sem o toque físico à que, especialmente nossa cultura brasileira (e mineira no meu caso) está tão acostumada?
Como acolher uma criança sem fazer-se colo que afaga e braços que confortam?
Em momentos de angústia e incerteza, nos voltamos para àquilo que nos é mais familiar e que portanto nos devolva à um lugar mais seguro.
Busquei então o que de mais essencial existe no humano: às palavras.
Somos seres de palavras. Fomos fundados nas palavras, e segundo a psicanálise às palavras são a matéria-prima do inconsciente.
Lembrei-me das tantas vezes que pude, eu mesma, conectar-me profundamente com alguém através de algumas poucas e boas palavras.
Constatei também, uma e outra vez mais, do quanto se pode estar infinitamente distante, estando fisicamente tão perto!
São elas, às palavras, que nos introduzem no mundo e portanto, serão elas que nesse momento serão nosso suporte e alento.
Que elas possam ser abundantes e criativas em suas diversas formas de manifestar-se.
E que sejam suficientes e na medida exata das possibilidades de fazer-se presente e sustentar os vínculos de afeto.

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