sexta-feira, 6 de junho de 2025

Os Sapatinhos Vermelhos

 

Onde estão meus sapatos vermelhos?

Muitos dos contos de fadas que nos foram contados quando crianças, utilizam-se de simbolismos para atingir a psiquê infantil. 
Desta forma, através dos contos as crianças tem condições de elaborar os mais diversos sentimentos.

Existe um livro que gosto muito, chamado "A psicanálise dos contos de fadas"(Bruno Betelhein).
 Embora não seja tão novo, suas verdades continuam tão válidas hoje quanto nos tempos do "Era uma vez". 
A "Arte de contar histórias", tem fundamental importância na formação das crianças, e portanto, deveria ser resgatada.

Mas agora irei contar aqui uma história do folclore europeu, dessas que se passam de mãe para filha, e que nos é entregue como um raro tesouro, de geração à geração, assim como aquelas receitas mais secretas que nos foram passadas por nossas avós.



VOCÊ JÁ DESEJOU MUITO ALGUMA COISA OU ALGUÉM ?








Um desejo tão intenso que seria capaz de abrir mão de qualquer coisa para ter o "objeto" deste desejo?



Vamos imaginar que o que você deseja, seja um lindo par de sapatinhos vermelhos, e vejamos no que vai dar.
Depois iremos refletir sobre nossos desejos reais e falsos. Onde se encontram nossos desejos e a nossa capacidade de escolha.

Estão prontos?
Então vamos lá:






OS SAPATOS VERMELHOS

ERA UMA VEZ ...uma menina pobre e sozinha, tão pobre que nem sapatos tinha. Ela morava em uma cabana, na floresta, e seu grande sonho era ter um par de sapatos vermelhos. Por isso, foi guardando todos os trapos vermelhos que encontrava, até que conseguiu fazer um par de sapatos vermelhos de pano. Ela adorava seus sapatos, usá-los fazia com que se sentisse feliz, mesmo tendo que passar os dias procurando frutas e nozes para comer, no bosque solitário onde vivia.

UM DIA .... ela estava andando por uma estrada, quando passou uma velha muito rica, em uma carruagem dourada. A velha parou ao lado da menina, e disse "vou leva-la para minha casa, e cria-la como minha filha". Pobre e sem esperanças, a menina aceitou o convite e foi morar na casa da velha senhora.Ao chegar, os criados lhe deram banho, pentearam, cortaram o cabelo e vestiram com roupas novas e muito bonitas. Animada com as coisas novas, a menina nem se lembrou dos trapos que usava, nem do seus adorados sapatinhos vermelhos. Quando, passados alguns meses, perguntou sobre eles aos criados, foi informada que a senhora havia jogado tudo no fogo, dizendo que as roupas eram imundas e os sapatos eram ridículos.A menina ficou muito triste, porque adorava os seus sapatinhos vermelhos. Além disso, a vida nova tinha perdido todo o encanto. Ela era obrigada a ficar sentada, quietinha, o dia todo. Não podia comer com as mãos. Não podia correr ou pular, ou rolar na grama. E, quanto mais o tempo passava, mais falta ela sentia de seus lindos sapatinhos vermelhos. Mais importantes eles se tornavam.



O TEMPO PASSOU ...e chegou o dia de ser crismada - porque a velha senhora era muito religiosa e fazia questão de que a menina recebesse esse sacramento. Essa era uma grande ocasião para ela, que queria que a menina se apresentasse impecável na igreja. Costureiras foram chamadas para fazer o vestido. E a senhora levou a menina a um velho sapateiro aleijado, que era considerado muito bom, para fazer um par de sapatos novos para a ocasião especial.Na vitrine do sapateiro havia um lindo par de sapatos vermelhos, do melhor couro. A menina escolheu os sapatos vermelhos, e a velha senhora, coitada, que enxergava tão mal que nem podia distinguir as cores, deixou que ela os levasse. O velho sapateiro, conivente, piscou para a menina e embrulhou os sapatos.A entrada da menina na igreja, no dia seguinte, foi um escândalo. Todos olhavam para os sapatos vermelhos da menina. Como alguém podia se apresentar para a crisma com uns sapatos tão indecentes? A menina, entretanto, achava seus sapatos mais lindos do que qualquer coisa.Quando chegou em casa, a tempestade estava armada. A velha senhora, que havia ouvido todos os comentários maldosos, proibiu a menina de usar novamente os tais sapatos."Nunca volte a usar os sapatos vermelhos"!, ordenou, furiosa.A menina, entretanto, estava fascinada pelos sapatos. No domingo seguinte, quando foi a missa de novo, colocou os sapatos - e, novamente, a velha senhora não percebeu de que se tratava, pois enxergava muito mal.Na entrada do templo, havia um velho soldado ruivo, com o braço enfaixado. Ele se reclinou em frente à menina, dizendo "posso tirar o pó de seus lindos sapatos"? A menina, toda orgulhosa, deixou que ele o fizesse. Enquanto limpava os sapatos, ele disse para a menina "não se esqueça de ficar para o baile", e cantou uma musiquinha alegre.Novamente, se repetiu a desaprovação de todos dentro da Igreja. A menina, fascinada com seus sapatos, nem ligava. Não escutava a missa, não via ninguém. Só olhava para seus lindos sapatos vermelhos.Na saída, o velho soldado disse para a menina "que belas sapatilhas para dançar". E a menina, mesmo sem querer, começou a rodopiar ali mesmo.



SEM PARAR...ela continuou dançando, dando voltas, fazendo piruetas. Todos corriam atrás, assustados. O cocheiro da velha senhora tentou alcançá-la, mas foi em vão. Finalmente, um grupo de pessoas conseguiu segurá-la, e o cocheiro arrancou os sapatos vermelhos, com grande dificuldade, dos pés da menina.Ao chegar em casa, a velha senhora guardou os sapatos no fundo do armário, e disse para a menina "agora me ouça, nunca mais use esses malditos sapatos vermelhos". A menina, entretanto, não conseguia parar de pensar nos sapatos. Muitas vezes abria o armário, e ficava espiando os seus lindos sapatinhos vermelhos.Algum tempo depois a velha senhora adoeceu. A menina, que já tinha que se comportar e ficar quieta, agora tinha que andar na ponta dos pés pela casa, para não perturbar. Estava enjoada, entediada. E não resistiu.



ABRIU O ARMÁRIO ...e pôs nos pés os sapatos vermelhos. Imediatamente, começou a dançar, rodopiar, bailar. Era como se os sapatos a guiassem. Eles a levavam, dançando, para onde queriam. E assim ela saiu de casa, dançando, e atravessou a propriedade, dançando, e chegou na floresta, dançando.Na entrada da floresta, estava o velho soldado que havia encontrado na porta da igreja no dia da crisma.Ele estava encostado em uma árvore, e a saudou, repetindo "puxa, que lindos sapatos para dançar"! E lá se foi a menina, dançando, atravessando campos e cidades. Exausta, tentava, vez por outra, arrancá-los. Mas não conseguia.Dançando, dançando, dançando, foi-se a menina pelo mundo. Tentou entrar em uma igreja para se benzer, mas o sacristão disse-lhe que não poderia, pois seus sapatos eram malditos. Tentou se aproximar de alguém, mas a maioria não queria ajudá-la, com medo de sua maldição. E os poucos que o faziam não conseguiam arrancar os sapatos malditos dos seus pés.Por fim, exausta, a menina procurou o carrasco de uma aldeia, e lhe implorou que cortasse os sapatos. O carrasco tentou, mas não conseguiu. Desesperada, a menina disse "então corte-me os pés, não posso viver dançando". O carrasco, penalizado e implorando perdão a ela e a Deus, cortou seus pés, com lágrimas nos olhos. E os seus pés, com sapatinhos vermelhos e tudo, continuaram dançando, dançando, dançando, pelo mundo afora.



AGORA A MENINA ERA UMA POBRE ALEIJADA ... e teve que aprender a viver dessa maneira. Sem sapatos vermelhos, e trabalhando como criada.






A menina, apesar de muito pobre e sozinha, conseguia ser feliz com seu par de sapatos de retalhos. Ao trocar sua vida por uma supostamente mais compensatória, viu-se um belo dia frustrada, à procura de seu velho par de sapatos de retalhos. Como não pôde encontrar os sapatos verdadeiros, agarrou-se a um par de sapatos de verniz na tentativa de satisfazer a falta que os seus verdadeiros sapatos lhe faziam.


O que são os retalhos?
Os retalhos são a nossa capacidade criativa, que nos permitem construir nossas melhores obras e concretizar nossos maiores desejos.

Quem abandona aquilo que realmente quer por algo que pensa que quer, ou ainda por algum apelo de alguém ou da sociedade, fatalmente irá sofrer.
Quem abre mão de suas habilidades em função do que os outros querem, e dá as costas para o que construiu, está fadado a viver procurando substitutos para aquilo que abandonou.

Um dia depois de uma vida entendiada, a menina encontra algo que se assemelha aos seus sapatos de retalhos, e passa a desejar aqueles sapatos de verniz com toda a intensidade.



E, por que ela os deseja com tanta intensidade ?



Porque acredita que os sapatos de verniz serão capazes de lhe dar toda a felicidade que os antigos sapatos lhe proporcionavam.



Os sapatos de retalhos representam a sua alma, a sua capacidade de criar, e ela quer a sua alma de volta.



Mas aqueles não são os seus sapatinhos, e ela os irá usar mal e nas ocasiões erradas.
A cada erro, ela é advertida. Mas não ouve, e prossegue no caminho que, no final, irá levá-la à desgraça total - a de ter que cortar os seus pés.
Pense bem, quantas mulheres você conheceu que eram criativas, inteligentes, admiráveis, e abriram mão disso tudo para atender aos desígnios da sociedade?

Quantas casaram porque "todo mundo casa", tiveram filhos "porque é o certo", deixaram suas carreiras de lado "porque era necessário"? 
Essas são as meninas que, mais cedo ou mais tarde, estarão dançando com os sapatinhos vermelhos errados. E os sapatinhos serão sempre algo que parece que trará a felicidade, mas que não traz. 
Serão o regime que as fará bonitas e que trará o desejo do marido de volta, serão o o vestido que fará com que chamem a atenção na festa, serão o amante que trará o sentimento de felicidade que há muito tempo falta em suas vidas.

Mas não é nem preciso levar a coisa a esses extremos. Todas nós temos nossos sapatinhos vermelhos de verniz. 
Quando abrimos mão de nossos desejos para atender aos de todas as outras pessoas da família, do trabalho ou da sociedade, estamos preparando o terreno para que surjam perigosos sapatinhos vermelhos de verniz, substitutos que não irão suprir as nossas necessidades mais íntimas.

Felizmente, todas nós temos, dentro de nós, os nossos trapinhos vermelhos, que permitem que façamos os nossos próprios sapatinhos. 
E a história nos alerta - veja bem, não abra mão do seu destino e de seus desejos, obras e qualidades, ou estará condenada a dançar com os sapatos alheios até ter que cortar os pés.





E você, já sabe quais são os seus sapatos de retalhos?

E, quais são os objetos que você têm tentado, desesperadamente conseguir, para substituí-los?






quinta-feira, 16 de julho de 2020

Desejo do "amalista"



Vontade de tocar o inconsciente com às mãos.
Às vezes, como hoje em uma sessão, quase consegui.
Sigo tentando, seguindo às pistas que ele deixa nas palavras caídas e em meio aos sonhos.
Aurea Pioli

Ilustração: Shelly Cunningham Jennings

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Palavras para tempos de emergência



Você se lembra da primeira vez que deixou de abraçar alguém ao cumprimentá-lo?


Recordo-me vividamente como aconteceu comigo, e para minha surpresa, nem faz tanto tempo assim que às coisas começaram a mudar.

À pessoa fez aquele movimento de aproximação em minha direção.
Me afastei e expliquei me desculpando, mas muito sem jeito. Não sabia muito bem como atuar desse novo modo. Confesso que sofri por dentro. Pensamentos ainda muito confusos passaram pela minha cabeça. 
Como tocar o outro sem encostar? 
Sem o toque físico à que, especialmente nossa cultura brasileira (e mineira no meu caso) está tão acostumada?

Como acolher uma criança sem fazer-se colo que afaga e braços que confortam?

Em momentos de angústia e incerteza, nos voltamos para àquilo que nos é mais familiar e que portanto nos devolva à um lugar mais seguro.

Busquei então o que de mais essencial existe no humano: às palavras.

Somos seres de palavras. Fomos fundados nas palavras, e segundo a psicanálise às palavras são a matéria-prima do inconsciente.

Lembrei-me das tantas vezes que pude, eu mesma, conectar-me profundamente com alguém através de algumas poucas e boas palavras. 

Constatei também, uma e outra vez mais, do quanto se pode estar infinitamente distante, estando fisicamente tão perto!

São elas, às palavras, que nos introduzem no mundo e portanto, serão elas que nesse momento serão nosso suporte e alento.

Que elas possam ser abundantes  e criativas em suas diversas formas de manifestar-se.

E que sejam suficientes e na medida exata das possibilidades de fazer-se presente e sustentar os vínculos de afeto.

Aurea L. Pioli 

domingo, 10 de março de 2019

Fazer o luto na pós-modernidade



É consenso entre psicanalistas e filósofos contemporâneos, que vivemos um tempo em que somos impelidos ao mais de gozar. Vários são os apelos publicitários implícitos ou não, para a busca por felicidade, sucesso, beleza e até mesmo pela vida eterna. O “elixir da longa vida”, se presentifica através de cremes milagrosos, cirurgias e todo o tipo de promessas de juventude. 


Edward Munch - Melancolia
Até mesmo a forma como nos relacionamos com Deus mudou para adequar-se a este novo paradigma estabelecido na atualidade. Na Idade Média por exemplo, a conquista de fiéis se dava através da promessa de tesouros eternos no céu que poderiam ser alcançados através do pagamento das indulgências.  Hoje especialmente às religiões da chamada “Teologia da prosperidade”, pregam a busca por um tesouro muito mais palpável, a ser obtido aqui mesmo, e em conformidade com os desejos e expectativas desse tempo: fortuna, sucesso, juventude e felicidade.


Desse modo, nada é menos desejável nesses tempos líquidos (Bauman) do que o luto. Antigamente quando alguém morria, mostrávamos nossa tristeza através de atos simbólicos que eram compartilhados pela cultura. O luto era vivenciado em comunidade através das roupas, gestos e tradições. Especialmente nas pequenas cidades do interior do Brasil, era comum a presença das chamadas “carpideiras”, que eram mulheres contratadas para chorar nos velórios aonde eram entoados cantos e rezas. Entretanto, percebemos que a cada ano que passa, os velórios tem sido cada vez mais “assépticos” e de preferência, rápidos. 
 Em uma sociedade onde o luto não pode ser feito, pois se percebe o sofrimento da perda como algo a ser medicado, não é de se espantar que existam tantos melancólicos.
A dor pela perda deve ser vivenciada para que haja a simbolização da falta.  A morte não ressignificada retorna ao psiquismo na forma de melancolia.    Como disse Freud em seu texto de 1917 “Luto e Melancolia’, a sombra do objeto recai sobre o ego e a perda objetal agora se traduz como a perda de si.

Aurea L. Pioli 

sexta-feira, 8 de março de 2019

Dia das Mulheres e uma dica de série


          Existir um dia especial para comemorar o dia das mulheres já deveria ser fato suficiente para nos deixar em alerta. Longe de querer ser a “estraga-prazeres” neste dia, gostaria de também produzir um pouquinho de reflexão para um assunto tão urgente quanto o é, a questão do feminino nas sociedades ao longo dos tempos. 
Deixo então  uma sugestão de série para nos ajudar a refletir sobre estas questões. Afinal, é somente a partir do conhecimento que se podem mudar os destinos.

       “O conto da Aia” (Paramount – Fox Premium), uma série disponibilizada pelo NOW até a segunda temporada, é um desses filmes obrigatórios, pois alteram a maneira como olhamos para o mundo. À terceira temporada está prevista para agosto deste ano e confesso ser uma das pessoas que está ansiosamente aguardando a estreia. 
        Baseado no livro homônimo de Margaret Atwood, o filme deixa de ser uma distopia na medida em que a narrativa distancia-se da ficção e se aproxima assustadoramente da realidade.
    Assistir ao filme tem o efeito de tomarmos a “pílula da verdade”, ou seja, não é sem uma boa dose de mal-estar que se perpetua e presentifica no dia-a-dia a sensação de estarmos vivendo várias das situações retratadas no filme. Mas o maior estranhamento e sensação de soco no estômago, vem de perceber que vivemos o “tempo-todo-de-toda-a-vida” em situações muito semelhantes às do filme, como se estivéssemos dopadas para não enxergar uma realidade que sequer sabemos como efetivamente mudar.


       E é por este motivo que para além de brincar o “jogo-do-contente” dando uma de Pollyana, é preciso compreender que somente através de muita reflexão haverá possibilidade de um dia existirmos em um mundo mais igualitário e justo para todos, especialmente no que diz respeito ao gênero feminino.

       Ainda assim, neste "dia das mulheres", gostaria de prestar à minha homenagem à todas as mulheres que nos precederam, pois através delas, usufruímos de direitos cunhados ao preço de muitas vidas. 

      Iniciamos 2019 assistindo perplexos ao crescente número de casos de feminicídio e violência contra a mulher. Nessa hora percebemos que há muito ainda por ser feito. Um fazer que precisa de todas às mulheres, mas que pode ter uma eficácia ainda maior se for feito de mãos dadas, lado a lado com os homens.

       Parabéns à todas as Mulheres! Todos os dias!



Aurea L. Pioli







quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019



        



        O processo de envelhecimento da mulher é um momento de reavaliação da própria identidade feminina. 
        Este momento singular pode ser marcado por angústias que demandam elaboração psíquica dos conflitos e significados que emergem nesta fase da vida. Vários fatores contribuem para que surja uma demanda por ajuda, que em análise, pode ter a função de produzir criatividade e inventividade para incorporar às mudanças físicas, psíquicas e relacionais.


Aurea P. Gomes Ferreira


segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Guia para o Natal e Ano Novo

 Datas tais como o Natal e Ano Novo tem a característica de estimular reflexões e potencializar sentimentos.
Ainda que não se queira pensar, é um período em que as pessoas são postas em contato com a família (ou a falta dela ou de um membro muito querido) , amigos (ou a falta deles), e principalmente em contato consigo mesmas. É um momento para repensar às conquistas do ano que passou  e planejar o ano que se inicia.
Exatamente por isso, em tempos em que as relações são mediadas pelas redes sociais, este pode ser um momento para sentir-se ainda mais sozinho e triste. Afinal, imagens de Pinterest e Instagram nos mostram , em geral, à família que não temos, à viagem que não fizemos, o amor que não conquistamos, ou ainda, a paixão que não vivenciamos. No face, os milhares de “amigos" risonhos sentados ao redor de mesas fartas, são sempre muito mais felizes do que nós.
Por este motivo, não importa muito se você é cristão ou ateu. E realmente pouco importa se a data do nascimento de Jesus é mesmo esta ou não.  Há 2018 anos atrás, nasceu um homem que marcou a história da humanidade e mudou a contagem do tempo no calendário. Muito para além de construções religiosas  e/ou  dogmáticas, há um conhecimento sobre o que é “ser humano “  que ao longo dos tempos surge para nos apontar à direção na figura de vários “homens”, Jesus é um deles. E indubitavelmente, especialmente no ocidente, somos atravessados por este simbólico.
Desejo então, que neste Natal, você possa pensar:
Que  cada dia que amanhece, é uma nova oportunidade para irmos na direção daquilo que realmente importa.
Que a alegria só tem sentido se puder ser compartilhada, mas que momentos de solidão são necessários espaços de encontro consigo mesmo.
Que os vazios,  são o melhor presente que se poderia ganhar porque eles são à própria liberdade criativa disfarçada.  Que você possa utilizar  tudo o que possui de singular em si mesmo, para encher de sentido esses vazios!
Que principalmente, você possa reconhecer-se em cada ser humano.
Que exercite a capacidade de olhar para além de imagens e até mesmo de palavras. E que  possa fazer da espera, a matéria-prima do encontro.
O encontro consigo mesmo  e com os outros!
Bons encontros! E feliz e corajoso 2019!
Aurea Pioli
Psicóloga